Oucex Le Disquex De Criolex!
São São Paulo, os novos paulistas passeiam na tua garoa. O conflito da arte urbana e a desordem dadaísta da cidade influenciam artistas desta e de outras gerações, que homenageiam a musa de concreto desfiando as muitas cores cobertas de cinza. Das gratas surpresas que apareceram recentemente, Criolo (ex Doido) é especial. Lançado em Abril, o segundo registro de estúdio do MC é “Nó Na Orelha”, na garganta, nas veias, na alma. Criolo rompe com as barreiras da MPB, do Rap, do Samba, da gente, e traz um disco cheio de referências lindas, timbres únicos e vocal mutante.
capa de "Nó Na Orelha" de Criolo
A primeira música já revela a versatilidade rítmica do disco de Criolo. "Bogotá", canção que abre o álbum, é um misto de afro-samba com pegada ska, contagiante. O tema da música gira em torno do tráfico de drogas na América Latina, romantizando a capital colombiana e estabelecendo um paralelo com Pasárgada, cidade persa consagrada na obra de Ma
nuel Bandeira. Em seguida, um rap de idioma paulistanês, "Subirusdoistiozin", canção que ganhou o primeiro (e lindo) videoclipe do álbum. A realidade da periferia nua e crua, "onde o filho chora e a mãe não vê". Em "Não Existe Amor Em SP", Criolo traz arranjo épico de cordas, embalando uma letra ácida de desamor pela cidade difícil. E avisa: "Aqui ninguém vai pro céu". "Mariô", que tem refrão de candomblé, invoca Chico, o rapper Sabotage, System Of A Down e até Mulatu Astatke, jazzista etiopiano. Influências das áureas épocas do Brega reinam no disco de Criolo, como "Freguês da Meia Noite" prova. Nascido no Grajaú, o cantor faz uma divertida brincadeira com palavras ao descrever o bairro onde cresceu. "Grajauex" retoma rimas e fala compassada, herança da formação musical de Criolo nas Rinhas de MCs. "Se é pra paz, a nação já tá armada", brada o MC, como quem quer revolução em "Samba Sambei", que se destaca com suas frases de cunho libertário. "Sucrilhos" é uma epopéia da periferia, rap agressivo. Frisando a disparidade de classes sociais, a canção vai se construindo. Um verso qu
e é quase um hino à miscigenação dá fechamento à música. "Lion Man" é a música que me provou que Criolo quebra com as barreiras da gente. Poesia cinza, concreta, indestrutível. Sem preocupações com regras formais e concordâncias na escrita, o MC escreve uma letra de sinceridade ímpar, que só alguém com a mesma vivência faria. E, finalmente, fechando o belo álbum de Criolo, "Linha de Frente" revela um sambista talentoso e bem humorado. Utilizando os personagens da Turma da Mônica, o MC apresenta novamente os problemas cotidianos do tráfico de drogas na periferia, "Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil". E, ainda alerta: "Quem tá na linha de frente / Não pode amarelar / O sorriso inocente / Das crianças de lá".
nascido no Grajaú, Criolo é o destaque músical de 2011
Produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, o novo de Criolo tem arrebatado os mais duros e ortodoxos corações, e já nasceu entre os melhores discos do ano.
Nó Na Orelha, Criolo, produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, Beatriz Berjeaut CD, 2011
Conheci Criolo por meio de você. Apesar de não ser muito fã do tipo de música que ele faz, achei tudo que ele fez muito melódico e amei a voz dele. Acho que ele tem tudo pra dar certo como artista. :)
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